Novo estudo conclui que os mosquitos têm uma grande tolerância térmica e que, com as alterações climáticas, serão capazes de estar ativos mesmo nos meses mais frios
É normal haver mosquitos durante todo o ano em climas tropicais, mas em climas temperados, como o de Portugal, não. Ou ainda não. As alterações climáticas estão a abrir caminho para que estes insetos se mantenham ativos até no inverno. A conclusão é de um grupo de investigadores da Universidade da Florida, que publicou este mês um estudo sobre o assunto na revista Ecology.

Nos meses mais frios das regiões com climas temperados, os mosquitos entram numa espécie de hibernação chamada diapausa, porque o frio limita a sua atividade. Com os verões a ficarem maiores e os invernos mais curtos e menos frios, os mosquitos podem ficar ativos mais tempo.

Ao longo das experiências, os investigadores perceberam que a tolerância destes insetos às diferentes temperaturas varia consoante as alturas do ano. Assim, durante a primavera, quando as temperaturas noturnas ainda são baixas e as temperaturas diurnas começam a ficar mais quentes, os mosquitos conseguem tolerar uma variação mais drástica de temperaturas. Já no decorrer do verão, quando as temperaturas diárias são quentes, a tolerância dos mosquitos diminui. No outono, quando começa a fazer um pouco mais frio, a variedade de temperaturas tolerada começa a aumentar.

A experiência

Os cientistas atraíram mosquitos duma área de dedicada à investigação de quase 4 mil hectares, em diferentes alturas do ano. Fizeram-no com armadilhas que emitem dióxido de carbono, um gás que nós expiramos e que “avisa” os mosquitos de que há uma refeição por perto. Com essas armadilhas, conseguiram mais de 28 mil mosquitos de 18 espécies diferentes. Mas só usaram mil, escolhidos aleatoriamente.

Cada mosquito foi colocado num frasco, e o frasco colocado em banho-maria. Ao regular a temperatura da água, foi monitorizada a atividade de cada mosquito. Quando ficavam inativos, significava que tinham atingido o seu limite de temperatura.

Gécica Yogo, uma das autoras do estudo, disse num artigo publicado pela Universidade da Florida que “foi surpreendente ver como estas pequenas criaturas conseguiram tolerar altas temperaturas durante os ensaios laboratoriais, muitas vezes bem acima da temperatura média das estações meteorológicas”.

Os investigadores ainda não sabem o que permite aos mosquitos ajustarem-se às rápidas mudanças de temperatura. Dizem que as conclusões deste estudo podem ajudar as comunidades a prepararem-se melhor para os impactos das mudanças climáticas.

Há outras consequências deste fenómeno além do incómodo da picada: os mosquitos são um meio de transmissão de várias doenças graves. De acordo com vários cenários climáticos, é inevitável que as espécies que transmitem malária e dengue se tornem comuns em Portugal.

Fonte: Visão

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